domingo, 28 de março de 2010

Orquestra Filarmônica de Cracóvia

Você conhece a Orquestra Filarmônica de São Paulo? Nem eu. Mas a Filarmônica da Cracóvia eu conheço!hehe

Impressionante como a gente não dá valor à nossa própria cidade. Aqui já sou quase guia e em São Paulo conheço muito pouco a parte histórica. Mas o fato é que a máfia brasileira invadiu o Krakow Philharmonic Hall!

A Mãe Shell, como toda boa mãe, nos dá dinheiro para eventos culturais e nós, como bons filhos, usufruímos disso! Eles chamam de Social Fund, um fundo com objetivo de incentivar a socialização entre os funcionários e a regra é que temos que estar em pelo menos 5 pessoas da Shell (o que não é problema pra gente! só nesse dia estávamos em 17) e até dois eventos por funcionário todo mês, com limite de 50zl. Eis que fomos para a Filarmônica.

Mais uma vez estávamos lá junto à High Society Cracoviana! O traje contava com terno e gravata e tudo mais! Chique demais! Pausa para reflexão. Quem diria que um dia eu estaria passeando pela rynek (praça em polaco), trajando terno e gravata e indo em direção à filarmônica para assistir a um concerto!heheh A vida é engraçada mesmo!hehe

Bom, agora sejamos honestos: o negócio chato! Os primeiros 5 minutos foram interessantes, até porque era completamente diferente. Um maestro engraçado (parecia que estava tendo um ataque epiléptico regendo a orquestra), vários instrumentos clássicos, um coral com várias mulheres de preto, meia dúzia de mulheres cantoras ao centro com vestidos coloridos e 3 cantores de ópera que se revezavam na frente do palco. Detalhe que a música era em alemão.

Passados os 5 minutos ficou impossível de se concentrar naquilo. Juro que eu tentava! O cantor de ópera encenava algo, provavelmente uma briga com a mulher. A mulher encenava que estava triste e chorava bem alto (mas tentando chorar com a voz afinada) e a música ao fundo sem grandes variações. Pode ser ignorância da minha parte, mas eu acho que eles precisavam de um produtor cultural novo. Se fosse eu, colocaria uma iluminação power sincronizada com a música, colocaria uns instrumentos novos, deixaria a coisa mais viva! Mas como não é a minha praia, valeu a experiência.

Obviamente que depois daquela pompa toda, voltamos pra casa, voltamos aos trajes normais e fomos pra balada! Mozart pode ser legal, mas pra mim o Tiesto está na frente!huahauhau

Polish Hair Style!


Incrível como coisas simples e corriqueiras podem se tornar complexas e desafiadoras em terras distantes. Tudo é uma missão. Comprar bilhete do ônibus, perguntar quanto custa um pãozinho, pedir meio quilo de queijo no mercado entre outras coisas.



A missão da vez foi cortar o cabelo. Em teoria não é uma tarefa das mais difíceis, ainda mais para o meu cabelo que é curto e sem grandes segredos. Eu e o meu parceiro brazuca Ovelha (formalmente conhecido como Roberson...) fomos à busca de um cabeleireiro e para evitar a fadiga preferimos ir direto para a nossa grandíssima Galeria Krakowska (o shopping mais frequentado pela High Society Cracoviana!heheh). Puts, cabelo não é coisa que se brinque, preferi pagar um pouquinho a mais e garantir em um lugar bom (já bastava eu não poder explicar o que eu queria para o barbeiro!).

Entramos no estabelecimento e me senti uma peça na linha de montagem fordista. Eram duas mulheres bem novas, colocaram a gente na cadeira (o termo é "colocaram" mesmo!) e tentaram fazer uma comunicação bem breve sobre como seria o corte. Uma delas até se arriscava no inglês, mas era algo bem primitivo. Pausa. Nesse breve espaço de tempo eu e o Ovelha estávamos com nítidas caras de desespero. Elas tentavam falar ingles e começavam a rir. A gente tentava fazer mímica e começava a rir também! Mas o fato é que era o MEU cabelo que estava em jogo ali!huahau

Agora visualiza a cena: eu fazendo mímica tentando explicar para a polaca não repicar muito em cima, tomar cuidado com o rodamoinho que tenho na frente e manter o mesmo formato do corte, mas com um comprimento mais baixo! Missão quase impossível. A solução que eu e o Ovelha encontramos foi a fiscalização mútua. Elas iam cortando e a gente ia fiscalizando um o cabelo do outro. Toda essa mímica e tentativas de comunicação duraram poucos minutos e elas decidiram por elas mesmas como iriam cortar e desceram a tesoura! Nunca vi cortar tão rápido! Pareciam que estava competindo pra ver quem cortava mais rápido! O que me surpreendeu é que elas nem olhavam na nossa cara pra ver se a gente estava gostando ou ao menos perguntavam se era daquele jeito ou não. No Brasil eles perguntam como você quer a costeleta, o "pézinho" e tudo mais. Aqui a cabeleireira decide.

O Polish Hair Style a que me refiro no título do post é o modelo masculino de corte de cabelo da grande maioria dos polacos. São duas possibilidades, ou eles são carecas ou eles raspam nas laterais e deixam em cima mais alto. Como não pedi para raspar, ela deduziu que o meu estilo era o segundo. Ela não chegou a raspar a lateral, mas deixou mais baixo que o resto. Estava me sentindo um polaco!hehe Mas dos males o menor. Já me adaptei e o cabelo já cresceu. Mais uma experiência válida. Por via das dúvidas, na próxima vou raspar.

domingo, 14 de março de 2010

Mestre cuca em ação!

Comida com gosto! Sem bacon, nem banha de porco ou curry e com sal!! O tão adiado momento de cozinhar minha própria comida chegou...

47 dias passados na Cracóvia, após muito miojo, kebab, misto quente e comida do refeitório da Shell, eu e o Pedrão (meu parceiro de apartamento) decidimos encarnar a Amélia e ficamos o sábado e domingo em casa limpando a casa, lavando roupa e cozinhando! Quem diria...

Sábado a idéia era cozinhar, mas fomos ao mercado comprar algumas coisas pra casa e a preguiça bateu e acabamos indo em um restaurante bem barato lá no centro que existe desde a época do comunismo e tudo mais. Mas a faxina não foi adiada e demos um belo trato no Penthouse. Aliás, aproveitando esse post, aproveito para apresentar às pessoas que lêem esse blog o luxuoso Penthouse! É o nosso apartamento! A evolução aqui foi rápida, passamos a primeira semana aqui em um hostel dormindo 12 em um quarto, depois fomos para um apartamento e moramos em 8. Estava tranquilo, mas a gente não quis parar a evolução e eis que veio o Penthouse! Eu e o Pedrão abandonamos o Big Brother (casa dos 8) e viemos para cá. Sábia decisão. O apartamento é lindo! Cada um tem seu quarto, cada um tem sua cama de casal, temos uma cozinha integrada com a sala e uma sala bem grande! Armários enormes, closet todo espelhado, temos microondas, TV com satélite, tostadeira, máquina de lavar, e tudo mais! Como diz o Pedrão, estamos Playson na Krakowlandia!hehe Tá bom, posso estar exagerando um pouco, só sei que a gente tá bem tranquilo aqui!!

Bom deixa eu voltar para o assunto principal do post: almoço de domingo! Dividimos as tarefas, o Pedrão ficou responsável por faxinar o banheiro e eu fiquei com a comida. Admito que tive uma acessoria com a minha mãe por skype, mas o mestre cuca era eu. Fiz um arroz branco (sem a porcaria do curry que eles colocam aqui) que na verdade não ficou dos melhores. Marinheiro de primeira viagem né...um pouco empapado e com alguns grãos meio duros!hehe mas ainda assim melhor do que a gente come na Shell. Fiz também um peito de frango cortado em cubos, refogado, temperado com orégano, alho, pimenta e sal! Esse ficou bom! Para agregar ao menu, cozinhei umas batatas e dourei na manteiga! Também ficou bom! A entrada foi uma salada com alface, acelga, tomate, pepino e pimentão! Um milhão de vezes melhor que a salada típica daqui que é repolho, cenoura e beterraba em tirinhas e temperado com açucar! Isso mesmo, açucar!! Se me permitem o neologismo, é "incomível"!!

Para sobremesa ficamos com um chocolatinho polaco, que por sinal é muito bom! Em geral os chocolates aqui são menos doces e eles adoram uma bolachinha no meio, estilo Bis ou Kit Kat! Agora nos resta sentar no sofá, assistir o Faustão e esperar a hora do jogo começar...ops, esqueci, to na Cracóvia!hehehe vou ficar encarando a TV tentando decodificar o que eles falam!huahau

Independente de tudo, superamos o desafio e o resultado foi uma refeição saudável e com gosto! Próximo passo é a promessa de um yakossoba que o Pedrão jura saber fazer!hehe

Saudações cracovianas

sábado, 13 de março de 2010

A tão falada "Mina de Sal de Wieliczka"...


Esse tour com certeza vale um post! A Mina de Sal é um dos pontos turísticos que mais atrai visitantes para Krakow e eu, como cidadão cracoviano que quase sou, tive que ir conferir!

Como o próprio nome diz, trata-se de um mina de exploração de sal que funciona desde o século XIII até os dias de hoje! É um complexo subterrâneo cheio de túneis, labirintos, lagos e galerias, chegando a 327 metros de profundidade (sendo que boa parte disso tive que descer de escada!!) e 300km de largura! São 9 "andares", dos quais 3 são abertos para a visitação. Vale lembrar que a mina está na lista da Unesco de heranças mundiais (http://whc.unesco.org/en/list/32).



Chega de dados, o que importa é que o lugar é lindo! Os trabalhadores da mina eram muito religiosos e, por isso, construíram diversas capelas, aproveitando os espaços das galerias. Mas não é que eles colocavam um santinho em um altar e estava feita a capela, são capelas monstruosas! Lustres gigantescos (com cristais de sal), enormes esculturas em sal (muitas vezes feitas por artistas famosos da época) e muita atenção aos detalhes! Sem palavras...têm que ver! Aliás, tem algumas fotinhos no meu picasa: http://picasaweb.google.com/gnovais7/MinaDeSal#

Ponto negativo é que transformaram o lugar em um ponto exageradamente turístico! Um ar de Disneylandia...jogos de luz, bonecos animados, milhões de lojinhas dentro da mina! Tinha algumas áreas que você se sentia em um shopping de tão chique que deixaram o lugar! Não se pode agradar a todos sempre...

Descrevendo rapidamente o passeio, o tour levou aproximadamente 2 horas e tivemos uma guia que falava ingles!! Mas pagamos mais por isso! A outra opção era um guia que falava polaco...hehe. Só uma observação, infelizmente o time não estava completo esse dia! Mas em compensação tínhamos reforços! A Lívia e a Lu que estudam comigo na FEA vieram me fazer uma visita em Krakow e se juntaram à mafia brasileira da Krakowlandia!

O tour estava começando, seguimos a guia por uma escada bem rústica. Comecei a descer a escada e pensei "o elevador deve ficar um andar abaixo...", doce ilusão! Olhei naquela vala entre as escadas e pra baixo se via um infinito caracol de escadas que simplesmente não se conseguia ver o fim! Os caras tem capacidade de construir uma cidade subterranea de 300km e não constroem a porcaria de um elevador?!heheh sacanagem! mas pelo menos rendeu boas piadas no caminho!

Sobre o tour lá dentro não vou me alongar muito porque ia ficar muito chato esse post! O fato é que andamos muito, ouvimos várias lendas e histórias que ocorreram dentro da mina, vimos uma série de ferramentas de trabalho e uma engenharia fantástica, vimos várias capelas, um lago maneiro, muitas lojinhas, ouvimos um concerto dentro da catedral também construída lá dentro e chegamos ao fim (na verdade poderíamos ir para o museu da mina também, mas a gente já não tinha mais paciência e pernas pra isso). A volta foi engraçada. Eis que surgiu um elevador. Na metade do tour eu já estava pensando como ia fazer pra subir todas aquelas escadas! Mas não era um elevador comum, parecia um elevador pra levantar porco, ou limão, sei lá! São 4 compartimentos, praticamente fechados, apenas com uns pequenos respiros, sem luz e eles colocam 9 pessoas em cada compartimento minúsculo desses. Detalhe que o elevador só sobe quando os 4 compartimentos estão completos, o que leva um tempinho...que se torna um tempão quando você tem mais 8 pessoas dividindo uma caixa de sapato com você! Mas confesso que aquela cena estava bem engraçada...eles nem explicaram direito, só foram enfiando a gente lá! Minha mãe teria enfartado com certeza naquele elevador...heheh

Acabou! Comemos em um restaurante bom e barato ali perto e voltamos para nosso gentil e aconchegante Krakow naquela fria tarde de domingo...



sexta-feira, 5 de março de 2010

O drink mais caro de todos os tempos...

Esse post não vai ser muito grande, nem vai conter fotos. Trata-se de uma passagem rápida que merece ser contada e, no mínimo, me serviu de aprendizado e reforçou a máxima: "Quando a esmola é demais, o santo desconfia...".

Quinta-feira, 4 de Março, Cracóvia. Reunião de amigos (alguns podem chamar de esquenta) no meu mais novo apartamento (meu e do Pedrão!). Como aqui trabalhamos à tarde e à noite a manhã é livre, o que é mais um incentivo para a diversão noturna. Finalizamos nossa reunião social e partimos para a busca da melhor balada cracoviana. Vale ressaltar que no caminho tivemos algumas baixas: 1) Pedrão preferiu se resguardar para a noitada parisiense que o esperava no dia seguinte; 2) Rafa teve que dar aulas de reforço, de contéudo duvidoso, para sua aluna polaca; 3) Bracinhos se indignou com a situação do Rafa de ter que dar aulas à noite e foi ajudá-lo com uma aluna muito aplicada; 4) Garota brasileira cujo nome desconheço e polaca que fala português amiga dela sumiram subitamente antes mesmo de sairmos do apartamento. Sobraram os bons (hehe): eu e um amigo cujo nome verdadeiro não será revelado por motivos de segurança (vamos chamá-lo de CONE).

Estávamos eu e o CONE vagando pelo quase que medieval centro cracoviano na busca de uma balada...Tentamos o Frantic, mas nossas vestimentas não se adequavam ao perfil da balada (detalhe que eu estava até de camisa esse dia!) e fomos sutilmente bicados de lá (obviamente o segurança não foi com a nossa cara e inventou uma desculpinha)! Continuamos a peregrinação pelo centro, quando avistei duas garotas (muito gatas por sinal!) que estavam, aparentemente, vagando pelo centro também! Pensei: "por que não? vamos falar com elas!" e fui. Rolou aquele aproach rápido para quando você não tem tempo de pensar em nada e é obrigado a falar qualquer coisa pra não deixar ela passar, do tipo "você viu aquele pinguim voando?" e ai a garota vai falar "o que?!?!" e ai você fala "'não, nada...meu nome é Gabriel e o seu?"e a conversa já começou!

Elas foram ultra simpáticas, começaram a puxar assunto e tudo mais e ELAS nos convidaram pra tomar um drink em algum lugar. Obviamente aceitamos. Tudo corria perfeitamente, acima das expectativas. Elas falaram que conheciam um bar legal e fomos com elas até o tal bar. Era meio que no subsolo de um prédio, bem fechado e pequeno, mas até que simpático. Bem cara de casal, com pequenas mesas e cortinas semi-transparentes dividindo os ambientes. A garçonete chegou. Elas pediram um drink (acho que o nome era submarino...) e eu e o CONE pedimos uma cerveja. Foi a primeira pista, não tiha cerveja. Como assim não tem cerveja em um bar na Cracóvia! Bom não ia ficar discutindo com a garçonete na frente das meninas. Então as duas falaram pra gente pedir o mesmo que elas, o tal de submarino. Ficamos meio sem opção e pedimos.

Pausa para reflexão: como homem é troxa! Não pegamos o cardápio, não vimos quanto custava, não vimos do que era feito o drink, não sabíamos nem o nome delas. Mas ainda assim, bate um orgulho masculino e você acaba indo no embalo.

Enquanto não vinha a bebida ficamos conversando. Nesse meio eis que veio a luz. Não pra mim, mas para o CONE. Ele resolveu pegar o cardápio para dar uma conferida (discretamente, no meio da conversa) e, de repente, ele levanta da cadeira com o cardápio na mão e grita em português: "C... ESSE DRINK CUSTA 450 ZLOTYS!!!!!!!". 450 e zlotys é algo próximo a 300 reais. 300 reais em um drink é praticamente o custo de se fazer algo em torno 80 a 100 drinks daquele. 300 reais não custa um drink de vodka com suco nem no resort mais luxuoso de Dubai. Nem no restaurante da Torre Eiffel. Nem no resort 5 estrelas da África do Sul. Obviamente não íamos pagar.

Levantamos da mesa e corremos para o balcão a fim de interrompem aquele crime contra nossas carteiras. Já era tarde. Os drinks estavam em cima do balcão. Começamos a falar em inglês que aquilo era um absurdo, que a gente não queria mais e que podia devolver. Ela retrucou que já estava pronto. Nós dissemos que traríamos uma garrafa inteira de Wiborowa (a vodka que estava sendo usada e que custa menos de 25 reias o litro aqui na Polonia). Obviamente ela não aceitou. Nesse ponto sacamos que era um golpe. As meninas começaram a se virar contra nós e a falar que deveríamos pagar. Inclusive o delas! Diziam que deveríamos ter visto o preço etc. Estávamos dispostos a pagar um pouco mais por uma bebida e por isso não olhamos no cardápio, mas 450 ZL não é um pouco a mais, é uma piada. Bom, ficamos discutindo, dissemos que se quisessem poderiam chama a polícia, mas não iríamos pagar. A gente sacou que aquilo era um golpe pra pegar gringo e eles jamais chamariam a polícia. Levantamos, pegamos nossos casacos e saímos andando sem pagar e nem olhar para trás. Elas gritavam ao fundo dizendo que teriam que pagar o delas e o nosso. A chance delas realmente terem pago a conta é a mesma de eu ver o Elvis pelado na sala da minha casa. Caímos como patos no golpe. E o pior, a gente é que foi falar com elas. Nem trabalho elas tiveram.

Reforço a máxima que citei no início do post: "Quando a esmola é demais, o santo desconfia...". Estava fácil demais...